Muitos acreditam que ser um “influencer” é uma tarefa simples, bastando apenas postar vídeos no TikTok para atrair seguidores e, eventualmente, ganhar dinheiro com isso. No entanto, essa visão está longe de refletir a complexidade dessa nova profissão, como aponta Marta Hughes, uma jovem aspirante a se tornar influenciadora profissional.
Atualmente, ela está cursando uma formação universitária dedicada à criação de conteúdos e redes sociais, oferecida pela Universidade Tecnológica do Sudeste (Setu), em Carlow, na Irlanda. O curso, inédito e pioneiro, tem a duração de quatro anos e visa preparar seus alunos para transformar sua presença digital em uma verdadeira fonte de renda.
A crescente relevância dos influenciadores digitais é notável, especialmente entre a Geração Z, formada por jovens nascidos entre 1997 e 2012, que enxergam nas redes sociais um espaço promissor para suas carreiras. Irene McCormick, diretora do curso e ex-produtora de televisão, confirma o aumento exponencial de interesse por essa área, que começou com um curso intensivo de verão ministrado por influenciadores do TikTok.
A procura foi tão grande que, após receber 350 solicitações para apenas 30 vagas, a universidade decidiu criar uma formação completa e mais aprofundada. Para McCormick, o segredo do sucesso da carreira de influenciador está na capacidade de entender como monetizar a própria influência e utilizar as plataformas digitais de forma estratégica, habilidades que os alunos têm a oportunidade de aprender na universidade.
Além da prática constante nas redes sociais, como Instagram, TikTok e YouTube, os alunos do curso buscam aprimorar suas capacidades com ferramentas e conhecimentos específicos que façam diferença em suas carreiras. O objetivo não é apenas criar conteúdo, mas fazer disso um negócio rentável, com aulas que abordam desde a criação de vídeos e podcasts até empreendedorismo e análise de dados. Harry Odife, estudante de 22 anos, é um exemplo de alguém que enxergou o potencial de sua comunicação pessoal nas redes.
Ele acredita que, com o conhecimento adquirido nas aulas, poderá transformar sua habilidade de se expressar em algo lucrativo. A mesma visão é compartilhada por Favor Ehuchie, uma cabeleireira de 18 anos, que já utiliza as redes para compartilhar seu trabalho, mas almeja aprender a transformar suas postagens em uma verdadeira carreira.
Com o mercado de marketing cada vez mais voltado para as redes sociais, o papel dos influenciadores se torna cada vez mais crucial. Estima-se que aproximadamente 70% dos profissionais da área considerem que os influenciadores são o futuro do marketing, sendo que até mesmo governos têm utilizado essas personalidades digitais para divulgar campanhas e transmitir mensagens ao público. Segundo McCormick, apesar de muitos considerarem que o trabalho dos influenciadores é algo superficial, a realidade é bem diferente.
Criar e manter uma audiência, entender como impactá-la e saber como converter essa influência em parcerias comerciais é um negócio sério e desafiador. Assim, cursos como o oferecido na Setu são essenciais para moldar essa nova geração de profissionais, que terão à sua disposição uma formação acadêmica robusta para atuar em um mercado que não para de crescer.
A formação de influenciadores reflete a consolidação de um setor que, embora tenha surgido de forma espontânea, rapidamente se profissionalizou. Aprender a dominar as ferramentas tecnológicas, planejar conteúdos, compreender a psicologia do público e organizar estratégias de marketing digital são habilidades que agora fazem parte de uma formação acadêmica, elevando o nível de exigência para aqueles que desejam se destacar nas redes sociais.
A ideia de que basta ter um celular e uma conta no Instagram para ser influenciador está ficando para trás, e as instituições de ensino estão atentas a essa mudança, preparando os futuros líderes da comunicação digital.