De acordo com a renomada consultoria McKinsey, a expectativa de vida média de uma empresa no cenário atual é alarmantemente baixa, girando em torno de apenas 15 anos. Além disso, um estudo da mesma consultoria revela que cerca de 70% das companhias que tentam se transformar para se adequar às novas demandas do mercado acabam falhando em suas iniciativas.
Esses dados evidenciam que, apesar de a transformação digital ser amplamente reconhecida como o caminho ideal para garantir a longevidade e a relevância das empresas, apenas uma fração delas consegue navegar com sucesso por esse processo desafiador. Para as empresas que fazem parte dos 30% que alcançam o sucesso nesse contexto, os resultados podem ser dramaticamente positivos, resultando em uma vantagem competitiva significativa em relação aos concorrentes.
Um relatório da McKinsey indica que as organizações que conseguem realizar uma transformação digital eficaz se tornam tão distintas de suas rivais que a distância entre elas é difícil de ser superada. Harry Robinson, sócio sênior da McKinsey e líder global da prática de transformações, observa: “As empresas que conseguem fazer isso tendem a se diferenciar completamente de suas concorrentes, o que se torna uma enorme vantagem competitiva. Isso lhes proporciona a flexibilidade para investir em crescimento e realizar aquisições que outras não podem. Algumas chegam a dobrar ou triplicar sua lucratividade. É um círculo virtuoso.”
Mas o que caracteriza as empresas que conseguem realizar uma transformação digital bem-sucedida? Para responder a essa questão, é útil analisar exemplos de companhias que se destacaram nesse processo e os aprendizados que podemos extrair de suas experiências. Enquanto várias empresas ainda lutam para se transformar digitalmente, outras se mostraram mais ágeis e eficazes em liderar movimentos disruptivos em seus respectivos mercados.
Um caso emblemático é o da Blockbuster, que dominava o mercado de locação de vídeos até a década de 1990, mas declarou falência em 2011, devido à sua incapacidade de se adaptar às novas mídias digitais. Naquele momento, a empresa enfrentava a crescente concorrência de empresas que estavam mais atentas às mudanças nas necessidades dos consumidores.
A Netflix, que começou enviando DVDs pelo correio, rapidamente percebeu a demanda por streaming de vídeos sob demanda e, como resultado, conseguiu conquistar 137 milhões de assinantes e faturar cerca de US$ 11,3 bilhões em 2018. A transformação da Netflix em uma das principais produtoras de conteúdo globalmente ilustra como a percepção das necessidades dos consumidores é essencial para o sucesso nos negócios. Outro exemplo de transformação digital é o da Uber, que revolucionou a forma como as pessoas se locomovem. Criada em 2009, a empresa começou como um serviço para conectar motoristas de carros de luxo aos usuários em São Francisco.
Com o tempo, expandiu-se para outros mercados e lançou o UberX em 2012, permitindo que qualquer proprietário de veículo se tornasse motorista, o que resultou em um aumento significativo na adoção do aplicativo. Outro caso de sucesso é o da Magazine Luiza, que, em 2019, alcançou um lucro próximo a R$ 1 bilhão, resultado direto de sua transformação digital. A varejista mudou sua abordagem, expandindo-se além das lojas físicas para se tornar uma referência no e-commerce.
Isso envolveu a reestruturação da equipe de vendas, a modernização dos processos e o investimento em marketing digital focado em promoções. A Magazine Luiza adotou uma cultura digital, integrando todos os pontos de contato entre suas lojas físicas e o comércio eletrônico, visando atender às crescentes demandas dos consumidores. O CEO Frederico Trajano destaca que a inovação e a aceitação de riscos são fundamentais para o sucesso em um mercado tão dinâmico. ]
A Spotify, lançada em 2008, também se destaca como um exemplo de sucesso no mercado de música, adotando metodologias ágeis como o scrum, o que permitiu a criação de uma cultura voltada para o trabalho em equipe e a inovação contínua. A companhia implementou algoritmos de machine learning para personalizar as recomendações musicais aos usuários, ampliando ainda mais seu alcance e influência no setor.
O Airbnb, fundado em 2008, também revolucionou o mercado hoteleiro, operando como uma plataforma que conecta hóspedes a imóveis em mais de 30 mil cidades em 192 países. A empresa não apenas transformou a forma como viajamos, mas também ampliou seu escopo, oferecendo serviços adicionais, como locação de vagas de garagem e barcos.
A Amazon, por sua vez, que começou como uma livraria online em 1994, se transformou em uma das empresas mais valiosas do mundo, abrangendo uma variedade de setores, incluindo entretenimento e serviços de nuvem, com sua divisão Amazon Web Services (AWS). No setor financeiro, o Nubank se destacou como uma das fintechs mais inovadoras, oferecendo um cartão de crédito digital sem anuidades. Desde sua fundação em 2013, a empresa tem se concentrado em proporcionar uma experiência de atendimento ao cliente mais amigável e acessível, rompendo com as barreiras da burocracia tradicional que caracterizavam o setor bancário.
Esses exemplos demonstram que, independentemente do setor, as empresas precisam estar atentas às novas tecnologias e, especialmente, às mudanças no comportamento do consumidor. A capacidade de identificar as insatisfações dos consumidores e oferecer soluções inovadoras pode ser o diferencial que leva a uma transformação digital bem-sucedida. A McKinsey sugere que as empresas devem alinhar suas iniciativas digitais com suas estratégias de negócios para maximizar seus pontos fortes existentes, garantindo assim um futuro mais próspero no competitivo ambiente de negócios atual.