
O cenário do marketing digital está passando por uma transformação sem precedentes, e a inteligência artificial generativa, personificada por ferramentas como o ChatGPT, está no centro dessa mudança. A forma como consumidores descobrem e interagem com marcas está evoluindo, e isso tem um efeito direto e surpreendente na conversão de vendas. O que antes era um ecossistema dominado por motores de busca e mídias sociais, agora inclui um novo e poderoso canal de aquisição de clientes.
Essa nova dinâmica já pode ser vista em dados concretos. Joabel Luis Kasper, Chief Growth Officer da GH Brandtech, relata que, em um estudo conduzido com um conjunto de marcas brasileiras, o endereço chatgpt.com começou a aparecer consistentemente nos relatórios de tráfego. O impacto é notável: mesmo com um percentual de acessos relativamente pequeno, 0,09% das sessões em um grupo de empresas que somam 10 milhões de acessos mensais, o avanço no funil de conversão foi significativo. Esses usuários, que chegaram a partir da inteligência artificial, não apenas visitaram as páginas, mas também demonstraram alta intenção de compra, adicionando produtos ao carrinho e finalizando compras em volumes que se tornaram uma fatia relevante da receita mensal em certas empresas de alto valor médio.
O estudo de Kasper identificou três tendências claras. A primeira é a diversidade de setores que estão sendo impactados, abrangendo desde grandes marcas globais até empresas de nicho. A segunda é a natureza altamente engajada desse tráfego, com as sessões se convertendo em eventos-chave como a finalização de um pedido. Por último, o estudo ressaltou a eficiência comercial, onde um volume menor de tráfego resultou em um retorno financeiro notável. Esse fenômeno coincide com o lançamento do “AI Mode” do Google, que passa a exibir respostas geradas por inteligência artificial no topo de seus resultados, e uma queda nas buscas tradicionais, indicando uma mudança profunda no comportamento do consumidor.
As implicações dessa mudança são vastas e representam um desafio e uma oportunidade para as marcas. O início da jornada de consumo, especialmente para aqueles que já têm uma intenção de compra definida, está sendo capturado por sistemas de inteligência artificial conversacional. Para as empresas, isso exige uma adaptação estratégica. A lógica tradicional do SEO não perde a sua importância, mas precisa ser ampliada para incluir a otimização de conteúdo para modelos de linguagem. Isso significa que as informações de produtos, serviços e catálogos devem ser formatadas de maneira que a inteligência artificial possa interpretá-las com precisão e usá-las para responder às perguntas dos usuários.
As marcas que desejam se manter competitivas precisam entender que a batalha por visibilidade não se dá apenas na página de resultados, mas também nas conversas. Adaptar-se a essa nova realidade implica desenvolver estratégias de conteúdo que atendam à linguagem natural, investir em novas ferramentas de análise para mensurar esse tráfego e, em essência, repensar a maneira como se comunicam com seu público. A inteligência artificial não é mais apenas uma ferramenta para automação, mas um canal de aquisição de clientes que está redefinindo o caminho para a conversão de vendas.